terça-feira, 13 de abril de 2010

67º dia - ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA

(revisto a 2 de Abril)

O primeiro livro de José Saramago que li. Bem, foi complicado "engatar" no tipo de escrita do autor, acabava por misturar a fala das personagens com os momentos de narração e julgo de durante algumas semanas decidi meter o livro para um canto porque não estava a perceber nada de nada. Mas eis que resolvi dar uma nova oportunidade e exercitar o cérebro... gostei da história, já li vários livros de Saramago mas considero este como um dos melhores.
Sobre o filme, fui ver ao cinema com uma amiga minha quando estreou e de facto, para nós foi mesmo um Ensaio Sobre a Cegueira, não estavamos mesmo a contar que a sala estivesse completamente cheia e que os únicos lugares disponiveis eram, nada mais nada menos, que no cantinho da primeira fila... já ficamos a perceber porque motivo a maior parte das pessoas gosta de ir ao cinema e ficar entre as últimas quatro filas e, se não for pedir muito, mesmo nos lugarzitos do meio...

Começa duma forma atribulada onde numa grande cidade, o trânsito fica subitamente congestionado quando um motorista não consegue guiar o seu carro porque ficou subitamente cego. Este é ajudado por um homem que se prontifica a levá-lo a casa e acaba por roubar o seu carro.
No dia seguinte, o homem que ficou subitamente cego decide consultar um oftamologista que não descobre nenhum problema no seu paciente e que fica surpreendido quando o mesmo diz que a sua cegueira não é preta, mas uma luz branca intensa que não o permite ver.
Passado algum tempo, todas as pessoas que estiveram em contacto com Yusuke acabam por perder a visão tratando-se duma epidemia inexplicável.
Para evitar  contágio de mais população, o governo decide colocar de quarentena os doentes num antigo hospício abandonado e com pouquissimos recursos, vigiados por soldados armados que os tratam como se fossem uma aberração e que estão dispostos a tudo para que os mesmos não saiam do recinto a que estão confinados.
Julianne Moore, é a única que não é afectada pela epidemia mas decide estar perto do seu marido para o poder ajudar; ao longo da história vai-se deparando com relevações surpreendentes e de carga emotiva demasiado forte.
Um filme que me deixou em choque em algumas situações...o como é que é possível alguém ser capaz de ser tão egoista, tão oportunistas e como é que é possível tanta indiferença e falta de respeito pelos Direitos Humanos?!
"Em terra de cegos quem tem um olho é rei" e graças à sua compaixão determinação, a esposa do oftamologista torna-se lider dum grupo de sete pessoas que decidem fugir da prisão em que se encontram em busca dum local onde possam descansar e ter o minimo de cuidados que estavam habituados antes de tudo ter acontecido.
Um filme confuso, misterioso, capaz de nos revoltar e que ao mesmo tempo nos cativa e nos prende à história. Quando termina, precisamos de reflectir bem em tudo aquilo que vimos no filme e a ter uma noção clara de como vivemos hoje no nosso dia-a-dia, que estamos completamente "cegos" para aquilo que realmente convém ver na sociedade.

Realizador: Fernando Meirelles
Actores: Julianne Moore (Esposa do médico)
             Gael Garcia Bernal (Rei da Camarata 3)
             Mark Ruffalo (Médico que fica cego)
             Danny Glover (Velho de venda preta)
             Alice Braga (Mulher dos óculos de Sol)
Género: Drama | Mistério
Ano: 2008
Nomeações: Vencedor de prémios na ABC Cinematography Awards para Melhor Direcção Artistica, Melhor Edição, Melhor Som e melhor Fotografia.
Vencedor da Rã de Prata, César Charlone.
Vencedor dos prémios de Melhor Direcção Artistica, Melhor Fotografia, Melhor Efeitos Visuais e Melhor Maquilhagem no Cinema Brazil Grand Prize.
País: Canada | Brazil | Japão

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